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  • Foto do escritorCamila, @BrasileirasdoMundo

Lucia Green, Canadá 🇨🇦


Brasileiras do Mundo: Quando e por que você decidiu morar no exterior?


Lucia: A decisão de vir morar fora aconteceu a partir de conversas com o meu marido. Ele tem uma irmã que mora nos Estados Unidos e eu estava fazendo o processo da cidadania italiana. Naquele momento, ele estava desempregado e nós nos sentíamos estagnados. Eu já tinha morado fora em outras ocasiões, então a ideia de embarcar para o desconhecido sempre me agradou. Canadá era a nossa terceira opção, mas acabou se tornando a nossa primeira escolha por causa do seu programa de imigração.


Dessa vez era um plano de vida compartilhado e a gente saiu do Brasil com ideia de imigrar e fazer o que fosse preciso para conseguir a residência permanente. Colocamos todas as nossas esperanças na mala e desembarcamos em Vancouver.


Nossas conversas começaram no início de 2015, passamos um ano e meio estudando inglês e guardando dinheiro. Vendemos tudo para vivermos essa "aventura" e chegamos aqui em Agosto de 2016.


Muita coisa me levou a querer sair do Brasil, como a falta de segurança e perspectivas. Ao mesmo tempo, me atraia a possibilidade de, mais uma vez, ter uma vivência no exterior.





BDM: Quais as maiores dificuldades que você encontrou no seu país de destino?


Diariamente a gente se depara com comportamentos e atitudes que nos causam estranhamento

L: O Canadá é bastante preparado para receber imigrantes e isso ajuda muito. Mas dificuldades se deram (e ainda se dão) no que diz respeito às diferenças culturais. Diariamente a gente se depara com comportamentos e atitudes que nos causam estranhamento e muitas vezes somos mal interpretados pelo nosso jeito latino e caloroso de ser. O choque cultural é constante e nos acompanha em muitas situações. A língua, por mais que você domine, sempre pode ser um obstáculo.


Outra dificuldade é a distância do Brasil. Raramente temos visita da família ou de amigos em casa, algo que a gente adoraria ter muito mais. Eu sempre gostei de casa cheia, mas isso quase nunca acontece. A distância geográfica acaba sendo um vão enorme que se abre na convivência que gostaríamos de ter com as pessoas que ficaram no Brasil.


Ter que se acostumar com certas faltas e vazios faz da vida de imigrante um processo de adaptação constante.


BDM: Do que mais sente saudade no Brasil?


L: Das pessoas que eu amo e da COMIDA brasileira! De suco de fruta natural feito na hora. Também sinto falta de andar pelas ruas do meu antigo bairro e esbarrar em gente conhecida. Sinto falta do tempo que a palavra saudade era sentida de outra forma. E de poder pedir um pão de queijo e brigadeiro em qualquer esquina...


BDM: Quais são as coisas das quais você mais se orgulha?


De abrir a mente e deixar preconceitos de lado, principalmente em relação a tipos de trabalho.


L: Me orgulho de tudo que já vivi até aqui, da caminhada e de todas as pequenas vitórias (como conseguir desenrolar um papo espontâneo com o vizinho, passar numa entrevista de emprego ou dirigir sem precisar usar GPS porque já conheço o caminho). De abrir a mente e deixar preconceitos de lado, principalmente em relação a tipos de trabalho. Cheguei aqui e trabalhei em loja de roupa sem ver isso como ter dado um passo pra trás.


Me orgulho de todas as vezes que a saudade bateu forte e eu "matei no peito", tomando chimarrão, fazendo feijão e farofa, ouvindo música brasileira, nutrindo minhas raízes e expandindo a compreensão de mim mesma.


Fico bastante orgulhosa do espaço que conquistei no trabalho e poder atuar na minha área, desempenhando minha função em outra língua.


Tenho orgulho de “ter me tornado uma imigrante” e entender esse termo como apenas mais uma definição de quem eu sou. Me orgulho do processo que me permitiu elaborar e abraçar essa identidade complexa e indefinida de quem nasce em um país e mora em outro. De saber cultivar o que é legal nos costumes canadenses e realçar o que trago comigo da cultura brasileira.


BDM: Dicas para mulheres que pensam em sair do Brasil?


L: Talvez você tenha que se desconstruir para encontrar a sua verdadeira essência. Viver em outro país não é a coisa mais fácil, então carregue o que você mais ama do Brasil dentro de si.


Não tenha medo de pedir ajuda e nem de dar passos pro lado. Acredite naquela voz interior que te diz "vai". Mas pesquise, converse com quem mora no lugar que você quer ir, informação nunca é demais e ter um planejamento mínimo que seja vai te poupar muita dor de cabeça.


Não de limites ao seu sonho, mas mantenha um dos pés no chão para não cair em armadilhas, desconfie daquilo que promete um atalho duvidoso.


Ah, e não tente fazer tudo caber dentro da mala! Deixe espaço para quem você vai se tornar ao longo do caminho!


A Lúcia está no instagram como @lugreeneyes.

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