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  • Foto do escritorCamila, @BrasileirasdoMundo

Flávia Costa, Holanda 🇳🇱


Brasileiras do Mundo: Quando e por que você decidiu morar no exterior?


Me mudei para a Holanda em 2000, por amor e morrendo de medo. Eu amava o Brasil e a minha vida - estava recém formada, com proposta de trabalho e tinha amigos maravilhosos. Mas mesmo com tudo isso vim "tentar" a vida aqui. Na época eu estava em um namoro à distância e me mudei por ele. Eu gostava muito do meu namorado, mas sabia que ele não era o meu grande amor... foi um período intenso. Pouco tempo depois de mudar, me vi infeliz e quis terminar o relacionamento. Penso que todas que já passaram por isso no exterior sabem como é pesado. Eu me perguntava todos os dias: “Por que fiz isto? E agora?”.

Hoje com meu trabalho sinto que estou cumprindo minha visão de mundo.

Quase um ano depois, quando conheci o Gerke, entendi finalmente porque tinha que vir parar na Holanda. Foi realmente destino - eu e ele estamos juntos até hoje! Tudo o que passei desde então me mudou e me transformou. Hoje em dia minha missão é ajudar outros imigrantes brasileiros a também se sentirem em casa na Holanda, uso no meu dia a dia os conhecimentos que adquiri na escola e na vida. Na época em que cheguei aqui o número de brasileiros na Europa e Holanda ainda era pequeno - com o êxodo dos últimos anos me vi pronta para receber e acolher meus compatriotas. Hoje com meu trabalho sinto que estou cumprindo minha visão de mundo.

BDM: Quais as maiores dificuldades que você encontrou no seu país de destino?


A língua e o clima. Como muitas de nós, sempre fui muito faladeira! Além disso, meu trabalho tem como instrumento a língua. Quando você migra e não sabe falar a língua do novo país, a coisa fica difícil. Já chorei muito, já me desesperei e já me senti só.

A outra maior dificuldade não foi nem o frio, mas a falta de luz por tantos dias corridos. Escrevo este texto no fim do inverno e percebo que mesmo depois de vinte anos ainda sofro um pouco com isso. Ainda me sinto às vezes como um personagem da Turma da Mônica com a nuvem em cima da cabeça, acompanhando-me por todo lugar! BDM: Do que mais sente saudade no Brasil?

Das pessoas que eu amo - minha família, meus amigos e meus irmãos - e do sol. Às vezes também sinto falta de simplesmente “ser brasileira”, da vida que poderia ter tido lá. Meio loucura, mas penso que você me entende, né? Desde que me tornei mãe este sentimento é bem menos forte, porém nos primeiros cinco anos pensava muito nisso. Penso que tinha a ver com o fato de que não tinha muita confiança na minha escolha de viver aqui.


BDM: Quais são as coisas das quais você mais se orgulha?

Como profissional, me orgulho por sempre ter trabalhado na sociedade holandesa. E hoje tenho minha própria empresa!

Acho que são várias coisas que me orgulham como mulher, mãe e profissional. Me orgulho muito de ter aprendido a língua. De ter retomado minha profissão de assistente social. Ter estudado aqui me orgulha bastante também. Sou muito feliz pelos amigos que mantive no Brasil e os novos que consegui aqui na Holanda.


Como mãe, me orgulho de que meus filhos se sintam brasileiros também. Como mulher, me orgulho por ter minha independência. Como profissional, me orgulho por sempre ter trabalhado na sociedade holandesa. E hoje tenho minha própria empresa!

BDM: Dicas para mulheres que pensam em sair do Brasil?


Pense e sinta bem antes de sair: essa é uma viagem que não tem volta. Depois de migrar, você nunca mais será a mesma. Tente escolher um país onde possa aprender o idioma o mais rápido possível. Prepare-se! Busque informações seguras, não confie apenas em experiências individuais. E por fim, organize-se: para viver tranquilamente fora do Brasil, é importantíssimo que você tenha resolvido todas as questões legais e burocráticas.


* Todas as histórias publicadas aqui são reais e oferecidas pelas entrevistadas de forma voluntária. O Brasileiras do Mundo não se responsabiliza pelo conteúdo dos depoimentos.




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