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  • Foto do escritorCamila, @BrasileirasdoMundo

Livia Barreira, Inglaterra 🇬🇧



Brasileiras do Mundo: Quando e por que você decidiu morar no exterior?


Livia: Em 2012 eu tinha uma vida muito atribulada como jornalista em Fortaleza. Eu era repórter em um jornal, além de vários trabalhos como freelance. Então decidi dar um tempo, viver um período sabático de 11 meses, e fui estudar inglês em Dublin, na Irlanda. Essa foi minha primeira experiência morando fora. Retornei ao Brasil em 2013 e assumi um outro cargo como jornalista, no departamento de comunicação da Prefeitura de Fortaleza. No entanto, enquanto eu morei na Irlanda, conheci e me apaixonei por um rapaz inglês. Começamos a namorar a distância e, em 2014, eu fui aprovada em um mestrado em Comunicação em Lisboa. Uni as duas coisas. Iria voltar a estudar, já que tinha saído dos bancos da universidade há alguns anos, e também poderíamos ficar mais próxima dele. Nesse tempo morando em Portugal viajei algumas vezes para a Inglaterra e em 2016 mudei de vez para Sheffield. Nos casamos no ano seguinte.


BDM: Quais as maiores dificuldades que você encontrou no seu país de destino?


L: A principal dificuldade para mim foi começar a trabalhar com Comunicação na Inglaterra. Quando cheguei em 2016, o meu nível de inglês não era tão avançado como é hoje. Passei por um processo onde me dediquei bastante a evoluir com a língua e entendimento da cultura local. Eu sou uma pessoa naturalmente curiosa e sociável - eu mesma pesquisava lugares onde eu poderia frequentar aulas gratuitas de inglês e clubes de conversação. Depois, quando evolui mais, frequentei um curso formal de inglês na Universidade de Sheffied. Eu também sofri muito nos dois primeiros invernos. A falta de luz do sol, dos amigos e da família, minha vontade de me sentir jornalista aqui também, tudo isso junto me deprimia. Mas eu nunca desisti de mim, mesmo nos altos e baixos.




BDM: Quais são as coisas das quais você mais se orgulha?


L: Com certeza a minha resiliência que me fez chegar onde eu estou hoje (ainda no processo, mas já orgulhosa de mim). Agora, após cerca de 7 anos com vivência fora do Brasil, eu entendo que não pertenço a lugar nenhum - e tudo bem! Eu me conheço muito melhor hoje em dia e tenho uma visão de mundo muito mais abrangente. Como parte do meu processo de adaptação à vida inglesa eu criei um perfil no Instagram chamado @livinginsheffield onde eu compartilho em inglês (outro orgulho e vitória minha) eventos na cidade, divulgo iniciativas positivas, campanhas (sobretudo em tempos de pandemia), crio conteúdo ligado ao dia a dia de Sheffield, sugiro produtos e serviços de empreendedores locais (aliás, acabei migrando para a comunicação digital, dando consultoria para pequenos empreendedores locais e tudo começou por conta dessa conta no Instagram!).


Também tenho imenso prazer em orientar/ajudar outros imigrantes, sobretudo mulheres e não apenas brasileiras.

Eu usei a comunicação, que é a minha área profissional, como minha ferramenta de adaptação na cidade e na cultura local. Também tenho imenso prazer em orientar/ajudar outros imigrantes, sobretudo mulheres e não apenas brasileiras. Acabei conhecendo pessoas incríveis por meio desse Instagram. Alguns se tornaram amigos. Antes da pandemia, costumava fazer muitas festas interculturais na minha casa. Meu marido adora a cultura brasileira, fala português muito bem e criamos essa cadeia de amigos internacionais que adoramos. Estamos ansiosos para que, após a vacina, possamos retomar esse convívio e os abraços.


BDM: Dicas para mulheres que pensam em sair do Brasil?


L: Só venha se tiver muita resiliência e estiver aberta a se reinventar. Muitas pessoas querem passar uma impressão nas redes sociais de que a vida delas no exterior é mil maravilhas, quando na realidade, nem sempre é assim. Desconfie dessas pessoas. Existem muitos desafios diários a serem superados.


O primeiro ano será de adaptação a cultura, alimentação, clima, idioma (mesmo que a pessoa chegue com um bom nível na língua local, tem a questão de entender o sotaque local e as gírias e isso faz parte desse processo). Não desanime. Pegue esse desafio (não gosto de usar a palavra problema) e, no seu tempo, vá dando um passo de cada vez. Lá na frente, a recompensa virá.


* Todas as histórias publicadas aqui são reais e oferecidas pelas entrevistadas de forma voluntária. O Brasileiras do Mundo não se responsabiliza pelo conteúdo dos depoimentos.


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